terça-feira, 21 de maio de 2013

Questão para re-evolucionar reflexões na WEBFOR 2013



Questão para re-evolucionar reflexões na WEBFOR 2013

Telejornais e Crianças no Brasil: a ponta do iceberg

Os meios de comunicação não-democratizados literalmente empurram goela abaixo uma “dieta informacional” pelos telejornais que a maioria dos adultos habitou-se a devorar cotidianamente, sem pestanejar, sem sequer questionar a procedência dos ingredientes, sua validade ou veracidade dessa receita moderninha da notícia à moda neoliberal dos “chefs”, os barões do patrocínio da obesidade informativa do “fast news”.

As crianças e adolescentes assistem a promoção e a pauta do dia dessas empresas de TV hegemônicas nesses telejornais que não são feitos para elas, engordando o número dos consumidores alienados, vidrados ou hipnotizados antes de sair de casa para a escola no que de “importante acontece no Brasil e no mundo” (1), a gurizada das antigas e dessa atual geração que vai so-letrando o be-a-bá dos programinhas de auditório, se (des)in-formando nas tecladas e curtidas, na veneração aos (de)formadores de opinião pelas redes e telas promovendo o analfabetismo educacional e comunicacional. E nos cursos de Educação e Comunicação, na Pedagogia e no Jornalismo, entre estudantes e professores, investiga-se superficial ou mais seriamente tudo isso que afeta a juventude e meninada?

Pais e professores, tão “vidiotizados” quanto seus filhos e alunos, em sua maioria nem imagina que o monólogo das janelas de LED dependuradas em lugar de honra nas casas, propagandeado pelos smartphones ou espalhadas por todos os lugares por onde as pessoas passam na faina do trabalho e estudo, que isso a que os estudiosos chamam de “infotenimento” não passa de “terrorismo midiático” (2), de TV na “fabricação de mais valia ideológica” (3), de enfim, desinformação (4).

Não fossem as ações, denúncias e lutas travadas incansavelmente pelos defensores da democratização dos meios de comunicação entre os políticos de primeira linha, poucos jornalistas eticamente comprometidos, instituições da sociedade civil, os bravos pesquisadores nas universidades e, por outros tantos não mais anônimos nas redes sociais, certamente que tudo o que os barões da mídia fazem e desfazem desfraldando suas bandeiras em nome de “liberdade de expressão”, “contra a censura à imprensa”, consolidaria no Brasil o paraíso platinado da “globobocalização” que vive às custas da ignorância do povo e das milionárias verbas publicitárias repartidas à mancheias pelo estado, sabe-se lá até quando.

Adultização e erotização precoce, racismo, preconceito, consumismo, violência, medo, terror, ignorância e lixo midiático vêm por essa propaganda de um falso mundo de “viver bem” pelo “mérito” pessoal dos mais fortes sobre os mais fracos, da enganação e exploração do outro na des-truição de um planeta que se quer controlado por aqueles que sabem o que podem - porque controlam os meios de produção da notícia “legitimada” - e que fazem a notícia e “fornecem” a informação como mercadoria nesse “mundo do conhecimento” sem a sabedoria, sem os direitos humanos serem respeitados, absolutamente assediando e retirando, à força impune, a dignidade das crianças e adolescentes. Um telejornal/propaganda no pior sentido/formato/estética que traz a si especialistas dos mais variados nichos dos campos do saber/fazer técnico-científico para seduzir a diversidade dos telespectadores ao discurso oficial das sociedades democráticas modernas, até então controlada por poucos que sobem pelo voto dos telespectadores aos píncaros da pirâmide sub-vertida e in-vertida do poder.

A infância e juventude têm direito a um telejornal que não seja a re-produção da mesmice das redes internacionais do tráfico da (des)informação, que não seja o arremedo do balcão da feira, ou prateleira do supermercado da notícia enlatada que contamina e dissemina a “vidiotice” mais ou menos generalizada.

A princípio, a informação para aqueles poderia partir no interesse da plenitude de sua cidadania, do respeito incondicional à sua humanidade, a começar por re-velarmos, por dizermos a eles que “isso” o que têm visto pelas mil telas lhes faz mal à saúde em todos os aspectos, porque têm a intenção explícita e mal disfarçada de lhes manipular, de ignorar a meninice e eles como sujeitos criativos, imaginativos, autores de um mundo melhor, des-cobridores de outras formas de alegria e felicidade nesse universo infinito.

Des-mascarar a hipocrisia dos meios de comunicação é urgente e, como diz Amy Goodman, “nós precisamos libertar a mídia - e vamos fazê-lo” (5), libertando também a voz das crianças e adolescentes encalacrada pelas pedagogias e pela imprensa, pela demagogia dos poderes da anti-educação, anti-comunicação, da anti-política.

Os lutadores dispersos pelo mundo precisam se organizar para profanar a falsa sacralidade de instituições e megaempresas, des-tronar oligarquias midiáticas, des-alimentar-se desse prato feito indigesto que faz a fortuna e forra os cofres da realeza do mercado pelo toque do dedão de “Mídias” que transforma em ouro para eles cada teclada de telefone, computador e controle remoto. É preciso re-cordar que “todo poder emana do povo” e tomar esse poder de direito, porque a história mostra que este não é exercido pelas gentes. Já não devemos exigir o marco regulatório, mas fazê-lo por nossas mãos juntas em luta!

Quiçá agora seja um telejornal, inclusive, criado por elas e para elas, que fale de suas vidas, de suas aspirações e sonhos para a realização da paz e o bem viver para todos.

Quem sabe um telejornal a partir da sala de aula e de suas investigações, “com textos e em contextos escolares” para também re-evolucionar o mundo da Educação pela “comum-única-ação” a fim de serem meninos e meninas tão somente felizes, solidários e sorridentes a des-truirem as “certezas” que se lhes impõem amontoadas, que lhes controlam e dominam pelos nossos des-encontros com as suas singularidades de criancice, desse enigma da infância que não sabemos de-cifrar e mal a mal en-frentar, en-carar face a face - trans-aparente-mente - num diálogo onde a espontaneidade da criança des-concerta a lógica da coisificação de tudo e de todos(6). Que as crianças desde a mais tenra idade, as desse Outro Mundo em que sabem tão bem lidar com as novas tecnologias na Educação criem o “Conselho Escolar de Comunicação” (7) re-vira-voltando o sentido, irrompendo sua força de baixo para cima na pirâmide, reconfigurando poderes por sua voz.

Que venha, trazida pela meninada o que se en-canta na paisagem desenhada pelo “Antitelejornal” do Skank (8), “sem farsa, conchavo, sem guerra sem malta, corja ou trapaça (...) entre as pernas da desgraça (...) pra passar o que é essencial”: a vida nas suas belezuras e des-cobertas da infância e juventude, da adultice responsável.

Que se re-invente e se re-crie a razão/formato telejornal “por” e “para” crianças! Pensemos se elas não são em sua singularidade o “meio” por excelência que traz a mensagem da vida querendo se re-novar. Deixai vir à mídia as criancinhas... (9) Que temos a temer em escutar e respeitá-las?


Convido aos participantes da WEBFOR 2013 para refletirem sobre isso, sobre a Educação e a Comunicação, como puderem, a fim de ampliarmos as mãos nos abraços pela democratização dos meios de comunicação no enfrentamento de tantos abusos permitidos ao longo dos tempos. Que se defenda os direitos das crianças e adolescentes no que se diz respeito aos artigos constitucionais descumpridos desde sempre.

E, onde quer que estejam nessa luta, os convido também a conhecer a pesquisa “Telejornais e Crianças no Brasil: a ponta do iceberg” (10), para seguirmos dialogando, re-vira-voltando o mundo, re-evolucionando ele e nele, com todos juntos nos trans-formando de camelos e leões em crianças (11) para o Bem Viver nesse mundo, onde “viver e resistir, resistir e existir, rexistir é preciso” (12).

“Crianças do mundo inteiro, uni-vos” para viver e fazer isso! (13)

Leo Nogueira Paqonawta

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(1) Cantilena do telejornalismo da Rede Globo nas chamadas desde as madrugadas para o seu “Bom dia Brasil”, e demais programas noticiosos que se seguem pelas quase 24 horas da programação globobocalizante.
(2) DECLARAÇÃO DE CARACAS. Terrorismo midiático é arma política contra a democracia. Disponível em http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=14902
(3) TAVARES, Elaine. Televisão: fábrica de mais-valia ideológica. Disponível em http://eteia.blogspot.com.br/2012/01/televisao-fabrica-de-mais-valia.html
(4) SERRANO. Pascual. Desinformación: como los médios ocultan el mundo. Barcelona: Península, 2009.
Ver também: Entrevista com Pascual Serrano: Devemos buscar uma revolução midiática. Por Cristiano Navarro (Brasil de Fato), Igor Ojeda (BF), Nilton Viana (BF) e Tatiana Merlino (Caros Amigos), de Guararema (São Paulo). Disponível em http://www.piratininga.org.br/novapagina/leitura.asp?id_noticia=5611&topico=Entrevists
(5) GOODMAN, Amy; GOODMAN, David. The exception to the rulers. 2004. Corrupção à americana: desnudando as mentiras, a imprensa, os empresários e os políticos que produzem e lucram com a guerra. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2005. Pág. 282.
(6) LAROSSA, Jorge. Pedagogia profana: danças, piruetas e mascarados. Belo Horizonte: Autêntica, 2006. Capítulos 8 e 9.
(7) “Telejornais e crianças no Brasil: a ponta do iceberg”, pág. 299.
(9) “Telejornais e crianças no Brasil: a ponta do iceberg”, pág. 251.
(11) “Das Três Transformações”, de Nieztsche em “Assim falou Zaratustra”.
(12) “Telejornais e crianças no Brasil: a ponta do iceberg”, pág. 251.
(13) Inspirado no Manifesto Comunista (1848) de Karl Marx e Friedrich Engels, escrito de ponta cabeça. Disponível no Blog Filosomídia em http://filosomidia.blogspot.com/2011/02/manifesto-das-criancas-criancas-do.html

sábado, 18 de maio de 2013

TV UFSC inaugurou canal aberto e digital


TV UFSC inaugurou canal aberto e digital

A TV UFSC estreou no dia 18 de maio, sábado, sua programação local com sinal aberto para a Grande Florianópolis, em transmissão digital a partir das 11 horas. A cerimônia será presidida pela reitora Roselane Neckel e teve a presença do presidente da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), Nelson Breve. A TV UFSC é mantida pela Universidade Federal de Santa Catarina, tem sede em Florianópolis e funciona desde 1998 como canal por assinatura.

Numa programação compartilhada com a TV Brasil, ligada à Empresa Brasil de Comunicação, o canal 63.1 terá conteúdo voltado à valorização de produções direcionadas à cultura, educação e costumes locais. A programação local é de responsabilidade da TV UFSC e a nacional da TV Brasil. O transmissor digital, adquirido pelo Instituto Nacional para Convergência Digital (INCoD) e localizado no Morro da Cruz, terá uma área de cobertura que pode alcançar cerca de um milhão de pessoas, dependendo da topografia de cada região. O telespectador que não tiver um aparelho de tv digital pode adquirir um sintonizador para HDTV.

Para a reitora Roselane Neckel, trata-se de uma tevê em avançado processo de consolidação. “Esta experiência acumulada será fundamental para nossa equipe, pois partilhamos princípios comuns. A TV Brasil tem hoje uma programação vasta, de qualidade, voltada para um público diversificado. A partir desta parceria, a comunidade terá acesso, inclusive, a programas regionais que contribuem para o melhor conhecimento da diversidade cultural do nosso país, ao mesmo tempo que a nossa produção também estará acessível a muito mais pessoas, de diferentes perfis. Isto só para citar alguns aspectos, porque os benefícios são muitos”.

 Parceria

Com a parceria com a TV Brasil, o canal universitário vai oferecer uma programação informativa, cultural, artística, científica e cidadã. Um dos grandes atrativos da emissora nacional são os programas direcionados para o público infanto-juvenil, como o “ABZ do Ziraldo”, que tem como ideia principal incentivar o hábito da leitura. Apresentado pelo escritor e cartunista Ziraldo, é exibido com participação de uma plateia repleta de crianças que estudam em escolas públicas. As animações, como “Batatinhas” e “Anabel”, também fazem parte da grade.

No entretenimento, programas como “Samba na Gamboa” dão ritmo à programação. A proposta de apresentar MPB às novas gerações também ganha espaço em “Musicograma”. Cada edição possui um tema voltado para o viés regional, herança musical, escolas de samba, duos e instrumentos. Mas é no “Viola, minha viola” que o altar da tradicional música de raiz se levanta. O programa é um dos mais antigos da televisão brasileira, com 31 anos de transmissão. Além da música, a grade também possui filmes e documentários nacionais e internacionais, com temas de várias épocas e gêneros.

Quem traz informações sobre o que acontece no Brasil e no mundo é o “Sem Censura”. As descobertas mais recentes da medicina, a preservação do meio ambiente, a busca pela melhoria da qualidade de vida, a informação cultural, as formas de lazer fazem do programa um sinônimo de diversão com responsabilidade. Já o “Roda Viva” é uma produção que, dentro de sua orientação para o Jornalismo Público, oferece aos telespectadores um dos mais importantes programas de entrevistas da televisão brasileira. O seu acervo conta com personalidades nacionais e internacionais na área das artes, política, economia, cultura, esportes, educação e saúde.

Pensamento crítico

“A TV aberta nos possibilita levar à comunidade de Florianópolis e região informação de qualidade sobre Ciência, Tecnologia, Inovação, Arte e Cultura. Este pode ser um instrumento essencial para democratizar a comunicação e ajudar a disseminar conhecimento, estimulando o pensamento crítico. Esta é, sem dúvida, uma das principais funções da universidade e com uma tevê aberta, o alcance é ainda maior. Também é preciso destacar que a tevê pode se consolidar como um excelente laboratório de ensino, pesquisa e extensão para os nossos alunos”, comemora a reitora Roselane Neckel.

Pensando nisso, a TV UFSC preparou uma programação especial para a semana de estreia do sinal aberto. No programa “Cinema Catarinense”, três filmes estreiam na tv aberta. O longa-metragem “A Antropóloga” retrata aspectos da cultura herdada dos colonizadores açorianos na Costa da Lagoa. O diretor, Zeca Nunes Pires, é um dos profissionais com produção cinematográfica mais representativa de Santa Catarina. Já o filme “Memórias de Jorge Lacerda” traz um resumo da vida e obra do político catarinense, contado através de imagens, discursos, obras literárias e memórias de um homem que conseguiu ser a um só tempo forte e atuante na política, sem deixar a intelectualidade de lado. E, por último, o documentário “De Saint Exupéry a Zeperri”. Autor de um dos maiores best-sellers universais, “O Pequeno Príncipe”, Antoine de Saint-Exupéry, tido como o “poeta da aviação”, trabalhou na antiga companhia de correio aéreo francesa Aéropostale. Em suas escalas em Florianópolis, o piloto-escritor conheceu os pescadores e seu nome de difícil pronúncia incitou o apelido “Zeperri”, cristalizado na cultura e no folclore da região. Cruzando testemunhos de franceses e brasileiros, o documentário alia relatos orais à pesquisa histórica para reconstituir um capítulo praticamente desconhecido de um escritor cuja vida e obra remontam ao mito.

Além de apresentar notícias, entrevistas, trabalhos acadêmicos, shows de artistas locais e nacionais, filmes catarinenses e clássicos do cinema de domínio público, o canal universitário promete para este ano maior interatividade com o telespectador. Já nessa semana de estreia será exibido o especial “Memórias do Esporte Olímpico”. São dez documentários contando as histórias de luta e superação de atletas que, pouco a pouco, foram sendo esquecidos na história do esporte.

A programação, que continuará sendo transmitida pelo Canal 15 da NET (TV a cabo), pode ser conferida em www.tv.ufsc.br e www.tvbrasil.ebc.com.br.

Reproduzido de Portal UFSC Notícias
17 mai 2013

Foto: Leo Nogueira Paqonawta

sexta-feira, 10 de maio de 2013

Marilena Chauí: “qualquer coisa que se possa dizer sobre a mídia brasileira será obsceno”


Marilena Chauí: “qualquer coisa que se possa dizer sobre a mídia brasileira será obsceno”

A declaração da filósofa e professora Marilena Chauí sintetiza o estado atual da mídia brasileira. Um estado tão baixo que sequer pode ser pronunciado. E é esse tipo de mídia que (des)informa a maioria dos brasileiros.

Reproduzido de Educação Política
10 maio 2013